Durante a madrugada desta sexta-feira, o Vórtice Ciclônico ainda continuou atuando de forma a causar levantamento de ar, queda da pressão atmosférica nos baixos níveis da troposfera e consequente aumento de convergência de ventos úmidos, que formaram as nuvens com alto desenvolvimento vertical. Para se ter uma idéia, ainda choveu 71,4mm hoje em Joinville, sendo que a soma desse valor com a chuva que caiu ontem, chega a 224,1mm, ou seja, mais do esperado para março em apenas 48 horas! As cidades mais afetadas nas últimas 48 horas pelos temporais foram Joinville, Jaraguá do Sul, Blumenau, Ilhota, Timbó, Rio dos Cedros e Pomerode. Essa última, teve praticamente todo seu território coberto pelas águas em virtude do transbordamento de rios.
A imagem de satélite abaixo, registrada as 08h:15 (horário de Brasília), nos mostra que as nuvens com maior desenvolvimento vertical se concentram no meio-oeste e parte do planalto norte catarinense pela manhã.
Choveu forte nessas duas regiões. No município de Água Doce, por exemplo, choveu 86,1mm no dia de hoje, sendo a maior parte durante a manhã. Em Joaçaba, o temporal que pegou força perto das sete horas da manhã, despejou ao todo 69,4mm na estação automática do INMET (Instituto Nacional de Meteorologia). Confira na tabela abaixo, os maiores valores de precipitação acumulada nesta sexta-feira entre o meio-oeste e planalto norte do estado.
| Cidade (ESTAÇÃO | Precipitação 24 horas (mm) |
| Água Doce (CIRAM) | 86,1 |
| Joinville (CIRAM) | 71,4 |
| Joaçaba (INMET) | 69,4 |
| Lebon Régis (CIRAM) | 66,8 |
| Caçador (CIRAM) | 59,0 |
| Canoinhas (CIRAM) | 57,8 |
| Porto União (CIRAM) | 49,4 |
| Celso Ramos (CIRAM) | 47,0 |
| Xanxerê (CIRAM) | 25,8 |
| Novo Horizonte (CIRAM) | 25,2 |
O motivo para a chuva de hoje ter se concentrado durante o dia no oeste, meio-oeste e parte do planalto norte, é a conversão do Vórtice Ciclônico da média troposfera, novamente para cavado (área alongada de baixa pressão atmosférica), e principalmente o deslocamento de seu eixo (parte sem nuvens) para o oeste do RS e nordeste da Argentina, como é visto na figura a seguir.
Com isso, o ingresso de umidade da floresta amazônica foi ainda mais reforçado sobre as áreas citadas em Santa Catarina. A próxima figura, nos mostra esses ventos úmidos (Jato de Baixos Níveis), que ficam numa altitude de 1500 metros.
No leste catarinense, a chuva foi bem menos intensa, sobretudo no sul catarinense onde os valores sequer ultrapassam os 4mm. Os maiores acumulados de chuva na região foram de A maior parte do dia foi de muitas nuvens e sensação de ar abafado. Em São José, por exemplo, a temperatura máxima chegou a 28,4ºC, porém naquele momento a umidade relativa de 66% levou a sensação térmica ao 31ºC.
A baixa pressão que se formaria hoje sobre a costa do Sudeste do Brasil e avançaria como ciclone para sul, estava hoje na costa do Espírito Santo. Segundo a NOAA, o sistema é considerado uma depressão tropical e é identificado pela agência norte-americana como Invest 90Q. A figura abaixo, com ventos e pressão atmosférica a superfície, nos mostra essa depressão tropical (B) a leste da costa capixaba.
Segundo as últimas rodadas de previsão, a tendência é que o cavado que está sobre o nordeste da Argentina se desloque lentamente para leste/nordeste, provocando ainda chuvas em SC. No domingo esse cavado na média troposfera chega até a região onde localiza-se a depressão tropical, resfria-a por cima e converte-a para um ciclone extratropical, sem maiores influências sobre Santa Catarina no que diz respeito a chuvas. No entanto, ainda no domingo uma frente fria passa pelo litoral catarinense trazendo condições para chuvas, que devem cessar na segunda-feira, com a entrada de uma massa de ar frio.
DADOS: INMET, CPTEC/INPE, EPAGRI-CIRAM, MARINHA DO BRASIL, NOAA
