Hoje tivemos uma mudança na circulação dos ventos em Santa Catarina, porém não em superfície. O anticiclone (área com ventos no sentido anti-horário e pressão maior que a vizinhança) a 5km de altitude, comentado na última postagem, hoje teve deslocamento para nordeste a esteve atuando com seu centro sobre boa parte do litoral catarinense e oceano Atlântico adjacente, como mostra a figura acima. Por isso fez mais sol nesta quarta-feira sobre o leste do estado. A descida do ar até a superfície, causada por esse anticiclone na média troposfera, acabou dificultando a formação de nuvens mais desenvolvidas, como pode-se observar na imagem de satélite do meio-dia.
Com o maior aparecimento do sol, as temperaturas rapidamente se elevaram. Na tabela a seguir você confere os maiores valores de temperatura registrados hoje em todo o estado de Santa Catarina.
Cidade (ESTAÇÃO | Temperatura máxima (ºC) |
Caibi (CIRAM) | 32,4 |
Urussanga (INMET) | 31,2 |
Chapecó (CIRAM) | 30,7 |
Criciúma (CIRAM) | 30,5 |
Concórdia (INMET) | 30,2 |
Itajaí (INMET) | 29,6 |
Indaial (INMET) | 29,5 |
São José (INMET) | 29,3 |
Agora note novamente na primeira figura dessa postagem, que sobre o Uruguai há traços pretos com orientação noroeste-sudoeste. Esses traços na verdade representam um cavado (área alongada de baixa pressão atmosférica) na média troposfera (5km de altitude), que conseguiu se deslocar da Argentina para o Uruguai em virtude do enfraquecimento do bloqueio atmosférico, visto na última postagem aqui do blog. Na borda desse cavado em altitude, o ar se eleva desde a superfície, declinando a pressão atmosférica na baixa troposfera. Com essa situação, houve "canalização" da umidade marítima para o litoral e regiões próximas, além do aumento na velocidade desses ventos úmidos.
Ao longo da tarde, esse cavado deslocou-se e posicionou seu eixo entre o nordeste do Uruguai e sudeste gaúcho. Por isso a canalização de umidade começou abrangeu o litoral catarinense, sobretudo no sul do estado, fazendo o anticiclone ir para o alto mar. Comparando a imagem de satélite abaixo com a mostrada anteriormente, é notável o aumento de nebulosidade.
A chuva chegou localmente intensa. Em Timbé do Sul, por exemplo, em cinco horas de duração, a chuva acumulou 79,4mm no pluviômetro da estação automática do CIRAM. Por lá, o total de chuva deste comecinho de mês já chega a 117,3mm junto com a chuva de hoje, representando 70% da média climatológica do mês de março. Tal situação se repetiu nas demais áreas de encostas, como Lauro Muller, Guatá. O DEINFRA chegou a interditar a Serra do Rio do rastro em virtude da forte precipitação.
Na Grande Florianópolis a chuva chegou mais tarde, por volta das 23h. Em Florianópolis choveu apenas 1mm, mas em São José que fica do lado, precipitou 6mm. No mesmo horário começava a chover em alguns lugares do norte catarinense, como em Itapoá, onde em uma única pancada o pluviômetro acusou 14,6mm. No Alto Vale do Itajaí também houve chuva, porém bem menos intensa, com máximo de 0,8mm em Aurora.
Para a quinta-feira a previsão é que o cavado a 5km de altitude continue estimulando a queda da pressão e o aumento da convergência de umidade marítima para a costa catarinense. Por isso o dia deve ser de tempo instável, com chuva a qualquer hora. No interior pouca chance de chover. Na sexta-feira, o sistema ganha reforço de outro cavado, só que este numa altitude superior a 10km. Esses dois cavados devem se deslocar lentamente pelo Sul do Brasil, terminando por formar um ciclone subtropical na costa do RJ no final da sexta-feira, que se converteria a ciclone extratropical a medida que se deslocasse para o litoral catarinense. no sábado No domingo, esse ciclone pode impulsionar a entrada de uma massa de ar frio intensa para essa época do ano, talvez a mais forte de 2011 até o momento.
DADOS: INMET, CPTEC/INPE, EPAGRI-CIRAM, MARINHA DO BRASIL.