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domingo, 27 de março de 2011

TEMPORAIS COM CHUVA FORTE E VENDAVAIS MARCARAM ÚLTIMO FIM DE SEMANA DE MARÇO

O final de semana foi marcado por intensos temporais sobre boa parte do território catarinense. Choveu bastante durante esses eventos tempestuosos, sobretudo no oeste, meio-oeste, planalto sul e litoral sul. Ontem, sábado, na parte da manhã Criciúma foi atingida por um desses temporais, tendo rajadas de vento de até 53,9km/h na estação da prefeitura. No morro do Cechinel, por ser obviamente mais alto, as rajadas de vento foram mais intensas do que a registrada na cidade, o que culminou em queda de postes e árvores (foto abaixo). Durante todo o dia houve pancadas de chuva por lá, acumulando no total 31,2mm.

Criciúma - SC
Na imagem de satélite da manhã e tarde de ontem, podemos notar as nuvens verticais que provocaram os temporais no sul e também em outras áreas do meio-oeste e com menor intensidade no litoral.


O maior acumulado de chuva de ontem se deu no litoral sul do estado, com 83,8mm em Timbé do Sul, sendo que esse valor foi distribuído ao longo do dia, com maior intensidade entre a metade e final da tarde. Em seguida temos a serra catarinense, onde a chuva caiu ao longo de quase todo o dia, somando 81,9mm em São Joaquim. Na cidade mais fria do Brasil as rajadas de vento também foram intensas, sendo detectado 63,3km/h as onze horas da manhã.

Nas outras regiões do estado também choveu bastante, mas essa precipitação novamente foi distribuída entre as horas do dia. Os maiores acumulados foram de 46,2mm em Celso Ramos, 37,4mm em Rio do Oeste, 27,2mm em Curitibanos e 22,2mm em Xanxerê.
No entanto, no Vale do Itajaí e centro-norte do estado, a chuva forte veio a noite, como mostra a imagem de satélite acima. Em São Francisco do Sul, por exemplo, um forte temporal por volta das 22h provocou um acumulado de chuva que em pouco tempo somava 43,4mm, sendo que os ventos chegaram a 57,1km/h em duas rajadas. Itajaí não foi diferente, tendo precipitado na cidade 32,4mm de chuva, com rajada máxima de vento de 49,3km/h. O município de Massaranduba também apresentou precipitação considerável, com 26,6mm as onze horas da noite. No oeste, apesar das nuvens com topos frios de até -80ºC, não choveu mais que 5mm.

O motivo dessas instabilidades, foi o aumento da divergência de ventos em altitude (área circulada na figura abaixo, onde os ventos se desencontram), a qual estimula a ascenção do ar dos baixos níveis troposféricos.
Com a ascenção de ar, a pressão decai e ventos oriundos da floresta amazônica advectam calor e umidade para Santa Catarina, o que é visto na próxima figura.
Os índices de instabilidade (figura abaixo) K (contorno) e Totals (colorido) estavam mais altos pela manhã na divisa com o RS e principalmente no planalto sul e litoral sul (cores vermelhas). Isso denuncia que a troposfera estava bastante quente e úmida, e que essa umidade ia além dos níveis mais baixos, ou seja, ultrapassava os 3000 metros. Além disso, havia significativo ar frio na média troposfera, o que auxilia na condensação. Por isso choveu bastante.
Entre ontem e este domingo, a divergência de ventos em altitude, o ingresso de umidade amazônica e também a intensificação do Jato Subtropical (ventos fortes em altitudes superiores), acabaram gerando uma frente fria no leste do RS, associada a um ciclone extratropical. Esse sistema frontal acabou sendo desviado para o oceano antes mesmo de atingir SC. Por isso, hoje, domingo, as instabilidades continuaram, ainda pelo mesmo motivo.

Na figura abaixo, vemos novamente os índices k (contorno) e Totals (colorido) plotados. Perceba que neste domingo os valores mais significativos não se encontravam mais no sul do estado, mas sim no oeste, parte do meio-oeste e do planalto norte. Geralmente onde mais choveu, justamente por causa da extensão vertical da umidade e do significativo ar frio na média troposfera. 
Na imagem de satélite das 12h, é possível observar intensos núcleos com nuvens convectivas de alto desenvolvimento vertical, as chamadas Cumulonimbus.

O maior valor de chuva deste domingo aconteceu em Concórdia no oeste, com 74,2mm, concentrados sobretudo entre final da manhã e início da tarde. Em seguida bem Campos Novos no meio-oeste, onde choveu 65,8mm, também concentrados no mesmo período. Em Celso Ramos, além da chuva de 50,2mm, a rajada de vento atingiu altos 145km/h por volta do meio-dia. Não houve registro de estragos ou feridos até o momento.

No planalto norte, a chuva veio forte e em forma de poucas pancadas, diferentemente da chuva mais distribuída observada no oeste e meio-oeste. Em Porto União, por exemplo, em apenas uma hora choveu 47,8mm, segundo dados da estação automática do CIRAM. A chuva foi tão mal distribuída, que ali próximo, na cidade de Irineópolis não houve sequer um mílimetro de precipitação.

Veja na próxima figura, a diferença entre as temperaturas sobre SC e as registradas na Argentina. Perceba que o ar frio no território argentino é significativo, sendo que na região de Buenos Aires os valores estavam entre 12 e 15ºC as 9 horas da manhã, horário da figura.
Essa massa de ar frio não consegue adentrar sobre todo o território sul do Brasil em virtude daquele anticiclone (sistema com pressões maiores que a vizinhança e ventos no sentido anti-horário) na média troposfera, o qual é visto a seguir (letra A).
Para a segunda-feira, o CIRAM prevê um dia com tempo instável e chuvas no decorrer de todo dia, podendo ser associadas a fortes temporais. No fim do dia, o afastamento do anticiclone da média troposfera para MG, acaba proporcionando a entrada de uma frente fria. Na retaguarda desse sistema chega a massa de ar frio, que segundo o CIRAM, pode provocar mínimas de 7ºC na quarta-feira na Serra.

DADOS: INMET, CPTEC/INPE, EPAGRI-CIRAM, MARINHA DO BRASIL, MASTER

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