Nesta quinta-feira tivemos a passagem muito rápida de uma frente fria pelo litoral catarinense. O sistema foi gerado a partir da formação de uma ciclone extratropical ontem no litoral uruguaio. Nas duas figuras abaixo, podemos ver a análise de ventos e pressão atmosférica as 21h de ontem e as 9h de hoje. Perceba que o ciclone (letra B) teve deslocamento para sudeste em direção ao alto mar.
Nesse deslocamento, o ciclone extratropical acabou impulsionando ar frio, que está entrando no Sul do Brasil. Veja que os ventos intensos associado a ele, atingem parte do litoral catarinense na manhã de hoje. Isso decorre pelo fato de o ciclone ter uma pressão baixa de 998 hPa (Hectopascal) em seu centro, ao passo que o ar frio que ingressa possui pressão alta de 1028 hPa. Isso gera gradiente de pressão atmosférica, provocando ventos mais intensos. Em Laguna, por exemplo, o período matutino foi marcado por rajadas de ventos de até 72km/h.
Por esse motivo, a frente fria passou rapidamente, com praticamente nenhuma precipitação pelo território catarinense. Para não dizer que não choveu, foi registrado o fenômeno apenas em Urubici e Joinville, com respectivamente 8,6mm e 10,0mm. Pela imagem de satélite abaixo, podemos notar a fraca nebulosidade nesta tarde sobre SC, observando também o formato das nuvens sobre o ciclone extratropical no oceano Atlântico.
Com essas poucas nuvens, o sol conseguiu aparecer, como mostra o belo nascer de nossa estrela em Imbituba, litoral sul catarinense.
Imbituba-SC |
As temperaturas estão declinando gradativamente em Santa Catarina. Até a as 23h já fazia 5,3ºC no Morro da Igreja em Urubici. Nesta próxima madrugada, a nebulosidade na parte serrana pode atrapalhar a queda da temperatura. Tais nuvens, são geradas pela circulação de ventos úmidos associados a rotação do ciclone extratropical em alto mar, que mantêm uma coluna de umidade que consegue alcançar altitudes maiores. Isso é bem evidenciado quando olhamos um corte vertical da troposfera de oeste a leste do estado, numa linha sobre a latitude 28ºS, entre a superfície e 16km de altitude. A região serrana se encontra entre as longitudes 51ºW e 50ºW, onde a camada úmida (azul) avança até cerca de 2km de altitude.
Na figura abaixo, temos a análise e previsão do deslocamento do ciclone extratropical atual, com base no modelo global de previsão numérica de tempo GFS. Cada quadrado representa a posição do ciclone, sendo o número correspondente ao dia do mês e a cor o valor de pressão atmosférica central. Veja que no dia 25 ele estava em formação dentro do continente. Já hoje está no alto mar, sendo que o prognóstico é que ele se desloque para sudeste, depois para norte e por último segue novamente para sudeste a partir do dia 29, ou seja, domingo.
Com essa tendência, a nebulosidade no planalto serrano deve perder força e dar lugar ao céu mais limpo. É exatamente no domingo que estão previstas as mínimas mais baixas, com até -2ºC no alto da serra.
DADOS: INMET, CPTEC/INPE, EPAGRI-CIRAM, MARINHA DO BRASIL, NOAA