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domingo, 14 de agosto de 2011

ANÁLISE DO MÊS DE JULHO-2011

Para início de análise, o mês de julho deste ano de 2011 em Santa Catarina foi marcado pelo número de dias com temperatura muito baixa, bem como registro de geadas amplas, inclusive no litoral. Outro ponto de destaque foi nas chuvas, que ficaram acima da média climatológica em todo o território catarinense. Nesta postagem abordarei esses pontos, com auxílio de mapas, dados e gráficos. 

Como comentado, as temperaturas foram extremamente baixas no mês de julho. Ao todo, três massas de ar polar ingressaram no estado. Já no início do mês, houve oito dias consecutivos com temperatura negativa no estado, assim como a presença de formação de geada. Esse período foi compreendido do dia 02 até 10, quando Urupema saiu na frente e registrou -6,9ºC no dia 5 (veja aqui a postagem), sendo esta a menor do mês em SC. Outras 18 estações meteorológicas espalhadas pelo planalto também tiveram valores abaixo de zero grau. Onde não negativou, as temperaturas também ficaram baixas. No leste, a menor daquela semana e também do mês de julho, foi em Criciúma onde fez 0,4ºC. O Oeste e extremo Norte, foram as únicas regiões a não ter valores tão expressivos de temperaturas mínimas, somando uma anomalia de até 2ºC acima da média, como mostra a figura abaixo. Em contrapartida, perceba nesta mesma figura que entre o Planalto Sul e parte da Grande Florianópolis as temperaturas ficam até dois graus abaixo da média.
Anomalia de Temperatura Mínima Mensal
As temperaturas máximas oscilaram, ficando bastante baixas no início do mês e tendo alguns picos acima dos 25ºC entre dia 10 e 17, além do dia 27. No início do mês, mais especificamente no dia 4, o estado teve sua tarde mais fria sob a presença de sol. Em Florianópolis, por exemplo, mesmo com o dia ensolarado, a temperatura máxima não havia passado dos 14,4ºC. Na Serra, ao redor do meio-dia não fazia mais que 2ºC, também com sol. Já a maior temperatura máxima do mês foi no dia 16, quando o maior valor foi medido em Criciúma com 33,5ºC, sendo este um evento pré frontal. Analisando as anomalias de temperatura máxima, é possível notar que o Oeste e boa parte do Leste tiveram valores mensais até 3ºC abaixo do normal.
Anomalia de Temperatura Máxima Mensal
Analisando as geadas, este fenômeno aconteceu de forma significativa, sobretudo nos oito dias consecutivos de frio extremo. Pelo menos mais da metade dos dias de julho apresentaram geada. No dia 5, geou amplamente, inclusive no litoral, como foi o caso de Joinville, Criciúma, Sombrio e Florianópolis. Porém as mais fortes se deram no Planalto Sul, onde fica Urupema, São Joaquim, Lages, Urubici e Bom Jardim da Serra. Nos oito dias de frio intenso, a Serra do Rio do Rastro, que liga Lauro Müller até Bom Jardim da Serra, ficou congelada e atraiu vários turistas.

Com relação a precipitação acumulada, julho de 2011 não pode ser considerado chuvoso pois teve 12 dias com chuva, sendo que o mês teve 31 dias. O que enfatiza as chuvas do mês foram os altos acumulados, chegando a chover mais que 200 milímetros acima da média (figura abaixo), sobretudo no Oeste, parte do Meio-Oeste e do Planalto Serrano. O dois picos de chuva aconteceram no dia 01 e 11, quando Chapecó, por exemplo, teve até 65mm registrados pelo pluviômetro do INMET (Instituto Nacional de Meteorologia).
Os sistemas meteorológicos atuantes durante o mês para provocar as referidas chuvas, foram frente frias, frentes estacionárias e cavados (área de baixa pressão alongada). A precipitação dos dias 1,2 e 3, foi provocada por uma frente estacionária, que viria a converter-se para frente fria e trazer o ar polar intenso. Entre o dia 17 e 18, a chuva foi acompanhada de temporais, pela associação de outra frente estacionária com um cavado na média e alta troposfera que avançava da Argentina. O evento mais tempestuoso ficou para o fim do mês, quando também outra frente estacionária e um cavado trouxe chuvas fortes, granizo e raios entre o dia 29 e 30. Por fim, o único evento provocado pela passagem livre de uma frente fria foi dia 21, sendo que a alta velocidade de deslocamento do sistema foi responsável pelos ventos de até 156km/h em Curitibanos, provocando destelhamentos, além de danos em outros municípios.
Analisando as anomalias de temperaturas da superfície do mar sobre o globo, (figura acima) é possível ver desvios negativos (cor azul) ainda sobre o oceano Pacífico equatorial e costa oeste da América do Sul. Esse resfriamento, associado ao fenômeno La Niña, vem ficando menos significativo a medida que caminha-se para uma fase neutra. As anomalias, como percebe-se em tal figura, são de -1,5ºC, bem diferente dos -3ºC acusados no auge do fenômeno no ano passado. A presença do La Niña, vem influenciando ainda o clima de SC, trazendo várias ondas de frio de forte intensidade. Como mais próximo da costa a água do mar sofre um pouco mais variação de temperatura, veja na figura anterior que aparece uma mancha azul na costa do RS e de SC. Isso representa uma área com temperatura abaixo do normal, devido ao constante ingresso de ar frio sobre o continente e oceano. Os eventos maiores de chuva podem estar associados a pequenos bloqueios atmosféricos provocados por águas mais quentes que a média no sul do oceano Atlântico Sul. Tal aquecimento, como diz o climatologista Luiz Carlos Molion, é provocado pelo ciclo lunar de 18 anos, sendo que estamos no perigeu, onde a lua fica mais próxima da Terra.

DADOS: INMET, CPTEC/INPE, EPAGRI-CIRAM, MARINHA DO BRASIL, NOAA

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