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quarta-feira, 28 de dezembro de 2011

CIRCULAÇÃO DE UMIDADE MARÍTIMA NA ÚLTIMA SEMANA DE 2011 EM SC

A frente fria se afastou para alto mar ao longo do último fim de semana natalino. No entanto, o anticiclone pós frontal (letra A) com pressão central de 1024 hPa se posicionou também no oceano próximo da costa do Sul do Brasil, ao mesmo tempo que um sistema de baixa pressão com 1012 hPa estava na área oceânica (letra B). A diferença de pressão entre os dois sistemas, provocaram advecção de umidade marítima para o estado através dos ventos de sudeste a leste. Na figura de análise de ventos abaixo, temos essa situação. 


As cores na figura representam o relevo catarinense, sendo que quanto mais próximo do vermelho, mais alta é a altitude. Note que o relevo acima de 200m (cor verde) cobre áreas bem próximas do litoral, o que faz com que os ventos de sudeste úmidos já encontrem barreiras físicas logo de início. Essa condição faz com que esse ar frio e úmido tenha que se elevar para transpor as montanhas, condensando o vapor d'água e assim gerando nuvens, as chamadas nuvens orográficas. Na imagem visível do satélite GOES-12 as quatro horas da tarde, vemos que realmente a nebulosidade predominou apenas da Serra ao Litoral. 


Na figura abaixo, temos a análise do perfil troposférico de temperatura (linha azul) e umidade relativa do ar (linha verde) em Orleans, litoral sul catarinense as 10h de hoje. Veja que a camada de umidade acima de 80% vai da superfície até aproximadamente 3km.


Juntando o perfil troposférico de umidade em Orleans com a imagem de satélite no canal visível mostrada antes, é possível perceber que haviam nuvens do tipo nimbostratus sobre boa parte do centro-leste catarinense. As nimbostratus possuem um leve desenvolvimento vertical e deixam o céu completamente encoberto, além de provocar chuvas intermitentes e até algumas pancadas moderadas. Na imagem do radar meteorológico da aeronáutica, por volta das 13h:15min, vemos áreas com cores amarelas no Planalto Sul, indicando chuva moderada naquele horário por lá.


Para haver a formação das nimbostratus nesta quarta-feira, não foi necessário apenas a circulação de umidade marítima como nos dias anteriores, mas também outro "ingrediente", o Jato Subtropical (ventos fortes na alta troposfera da zona subtropical). Esses ventos lá no alto provocam vorticidade relativa negativa nos baixos níveis, favorecendo com que as nuvens cresçam um pouco mais além da altitude das montanhas onde o ar úmido transpôs. Na figura de análise de ventos a 12km de altitude as 10h de ontem, percebe-se que os ventos do Jato estavam com velocidade entre 140 a 200 km/h, principalmente no Planalto Sul e extremo sul catarinense. 


Na tabela abaixo, você confere os valores de chuva acumulada entre ontem e hoje em SC, nas estações do CIRAM, INMET e Defesa Civil. Lembrando que a maior parte da chuva se concentrou entre a noite e manhã.
Cidade (ESTAÇÃO) Precipitação 72 horas (mm) Região
Itapoá (INMET)30,2Litoral Norte
Rio do Sul (CEOPS)26,7Vale do Itajaí
Jacinto Machado (CIRAM)24,4Litoral Sul
Florianópolis (CIRAM)22,1Grande Florianópolis
Timbé do Sul (CIRAM)20,0Litoral Sul
São José (INMET)18,2Grande Florianópolis
Massaranduba (INMET)13,8Litoral Norte
Jaraguá do Sul (DEFESA CIVIL)10,9Litoral Norte

No oeste e Meio-Oeste, houve predomínio de sol devido ao ressecamento do ar marítimo ao transpor toda a Serra Geral. Por lá, já são 19 cidades agora em situação de emergência em virtude da estiagem, sendo elas: Coronel Freitas, Iraceminha, Planalto Alegre, São Carlos, Passos Maia, Ponte Serrada, Anchieta, Guarujá do Sul, Ouro Verde, São Miguel da Boa Vista, Sul Brasil, São José do Cedro e Saudades. Tudo reflexo do fenômeno La Niña (resfriamento anômalo do oceano Pacífico equatorial e leste).

DADOS: INMET, CPTEC/INPE, EPAGRI-CIRAM, DEFESA CIVIL, MARINHA DO BRASIL.
Mapas de criação própria

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