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segunda-feira, 27 de janeiro de 2014

SEGUNDA ONDA DE CALOR INTENSO DO VERÃO TEVE TEMPORAIS ISOLADOS

Esse verão não está sendo nada fácil no que diz respeito ao calor intenso, até mesmo para os amantes das altas temperaturas. Nem bem tivemos uma forte onda de calor entre o fim de dezembro e início de janeiro, e já passamos por uma segunda onda de calor, tão forte quanto a anterior. As temperaturas máxima novamente se aproximaram e até chegaram a quarenta graus em algumas cidades do estado, sendo que as outras tiveram tranquilamente mais que 34ºC. Mesmo na serra, o calor forte reinou, tendo temperaturas máximas acima dos 30ºC.

De início, o calor era garantido por uma massa de ar seco que havia entrado entre os dias 18 e 19 de janeiro. Com essa condição de ar mais seco, a radiação diurna se perde rapidamente para o espaço durante a noite, fazendo com que o calor do dia seja substituído por marcas mais amenas no período noturno. Na terça-feira (21), chegou-se a ter temperaturas mínimas de 8,4°C em Bom Jardim da Serra, 10,6°C no Morro da Igreja, 11,4°C no Morro das Torres em Urupema e 11,6°C no distrito do Cruzeiro em São Joaquim. Em Florianópolis na segunda-feira (20), foi registrada a temperatura mínima mais baixa de janeiro até o momento, com 18,4 na estação do Ciram no norte da ilha. No dia seguinte, a capital ainda teve mínima de 18,5ºC.

Como foi comentado, o ar seco permite noites amenas e dias quentes. Na terça-feira (21), por exemplo, as maiores foram registradas no Litoral Sul e Extremo Oeste catarinense, com marcas de 39,1ºC em Jacinto Machado, 38,8ºC em Itapiranga, 38,6ºC em Tubarão e 38,3ºC em Criciúma. 

Entretanto, na quarta-feira (22) a massa de ar seco deu lugar a uma forte massa de ar quente e úmido, que aumentou as temperaturas mínimas de forma bem significativa. Florianópolis que teve 18,5ºC na terça, acabou registrada mínima de 25,1ºC na quarta-feira. Foi difícil até para dormir. Com o aumento da umidade, a sensação térmica aumenta bastante onde não há muito vento. Mesmo no litoral, tivemos sensação térmica de quase 50ºC nos pontos mais quentes. As temperaturas máximas ficaram altas e subiram até mais em muitas regiões ao longo da semana, sendo que as maiores máximas se deram no Extremo Oeste, interior do Litoral Sul, Grande Florianópolis e Vale do Itajaí. Na quarta-feira, a capital chegou a registrar máxima de 36,5ºC. Em São Joaquim, a marca de 30,4ºC na estação da Climaterra, foi a mais alta em janeiro desde 2005. Tivemos também temperatura de 40ºC em Blumenau e 38,8ºC em Brusque.

Com o aumento significativo da umidade disponível na troposfera, juntamente ao calor intenso durante a tarde, tivemos a formação de células convectivas, associada a chuva com descargas elétricas e temporais isolados. A imagem do satélite GOES-13 no canal infravermelho realçado, mostra as células formadas pelo estado catarinense. Veja abaixo.

Percebe que na Grande Florianópolis havia uma dessas células. Veja que aparecem cores azul escuro e até rosa dentro dessa célula, indicando que as nuvens estavam com bastante altura, pois a temperatura de topo estava entre -70 e -80ºC; Ela provocou chuva forte muito localizada na região de Palhoça e granizo em São José. Em Palhoça, o dia virou noite, como mostra a foto de Andrea O. Balbinot.

Temporal em Palhoça-SC - por Andrea O. Balbinot
Na quinta-feira (23), as células mais significativas se formaram no Meio-Oeste, Vale do Itajaí e Litoral Sul. Na última região citada, o radar meteorológico (imagem abaixo) do Morro da Igreja detectou forte área de refletividade na tarde de quinta na região de Siderópolis, Orleans, Nova Veneza e Urussanga. Pelos valores de até 65 dBZ, muito provável queda de granizo. De acordo com dados da estação do INMET, a rajada de vento durante o temporal chegou a 119,2 km/h em Urussanga. 


Nosso colaborador de Orleans, José Luiz Mattei, nos enviou a foto da cortina de chuva dessa célula avançando para a cidade. Segundo ele, não choveu forte na área da rodoviária, mas ao redor da cidade sim. Confira a imagem.

Tempestade passando por Orleans-SC - por José Luiz Mattei
A sexta-feira (24)  foi marcada pela condição pré frontal, ou seja, características peculiares que antecedem a aproximação de uma frente fria, cujo sistema nesse caso estava entre o Uruguai e sul do RS. A imagem do satélite GOES no canal realçado mostra a banda de nuvens, um pouco desorganizada, da frente fria.

Em condições pré-frontais, geralmente é de se esperar bastante aquecimento, inclusive a noite. A madrugada de sexta-feira foi bastante desagradável devido a temperatura e umidade altas e pouco vento. No geral as mínimas ficaram entre 24 e 25ºC. Durante a tarde, novamente as máximas subiram muito, chegando a 39,6ºC em Itapiranga, 39,1ºC em Antônio Carlos, 38,6ºC em Criciúma e Blumenau, 38,4ºC em Jaraguá do Sul, 38,2ºC em Brusque e 37,5ºC em Santo Amaro da Imperatriz. 

No segunda metade da sexta-feira as células convectivas começaram a se formar rapidamente, provocando temporais em várias cidades, sobretudo na Grande Florianópolis, Litoral Sul, Vale do Itajaí, Meio-Oeste e Litoral Norte. Na imagem do radar meteorológico por volta das 16h, vemos as células de chuva que se formaram.


Veja que havia uma sobre o Alto Vale do Itajaí. De acordo com dados da estação do CIRAM, por volta das 16h de sexta-feira choveu 24mm em Ituporanga. Ainda no Vale, outro temporal causou precipitação de 9,2mm em Rio do Sul. No Litoral Norte, o tempo trouxe chuva forte e ventania, sendo que em Joinville a estação do CIRAM registrou precipitação de 12,6mm com rajada de vento de 63 km/h. Confira mais no gráfico abaixo.


Na Grande Florianópolis, tivemos a formação de uma tempestade do tipo super-célula por volta das 19h. A imagem do radar meteorológico do Morro da Igreja mostra bem essa tempestade, que rodeou a região continental de Florianópolis e foi atingir o norte da ilha, Governador Celso Ramos e Biguaçú.


Aqui no bairro Capoeiras em Florianópolis, acompanhei essa tempestade que passava a noroeste e norte do meu ponto de observação. Havia muitos raios nuvem-solo, sendo que alguns caíram no mesmo local. Tirei fotos desses raios, as quais pode-se ver abaixo.

Raios durante tempestade super-célula em Florianópolis-SC
A Rede de Detecção de Descargas Elétricas - Rindat, detectou bastante raios na Grande Florianópolis por volta das 19h:30 da sexta-feira, como vê-se na próxima figura.


Nas estações meteorológicas operadas pelo Ciram e Inmet na Grande Florianópolis, durante a super-célula choveu 7,2mm em Tijucas e 5,2mm em Antônio Carlos. Infelizmente não temos dados de Governador Celso Ramos, Biguaçú e extremo norte da ilha de Florianópolis, cujos locais foram os mais atingidos pela forte chuva e vendavais. Pela imagem do radar vista anteriormente, estima-se que tenha chovido cerca de 25 a 30mm/h.

Durante o fim de semana, com a penetração do ar mais frio, tivemos o fim da segunda onda de calor forte desse verão em SC. Veja no gráfico de temperatura observada em Criciúma, que as temperaturas cairam bem de sexta-feira para o sábado, ficando mais estáveis devido também a cobertura de nuvens.

Temperatura do ar em Criciúma-SC
Foi observada chuva durante sábado e domingo na divisa com o PR e também ocorrência de chuvisco no leste, sobretudo no sábado junto com a entrada do vento de sul. Tendência é que essa semana seja quente e que tenhamos a terceira onda de calor forte do verão.


FONTE DOS DADOS: INMET, CIRAM, CPTEC/INPE, REDEMET, FURB/CEOPS, RINDAT, CLIMATERRA E ESTAÇÕES PARTICULARES.

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