Esse verão não está sendo nada fácil no que diz respeito ao calor intenso, até mesmo para os amantes das altas temperaturas. Nem bem tivemos uma forte onda de calor entre o fim de dezembro e início de janeiro, e já passamos por uma segunda onda de calor, tão forte quanto a anterior. As temperaturas máxima novamente se aproximaram e até chegaram a quarenta graus em algumas cidades do estado, sendo que as outras tiveram tranquilamente mais que 34ºC. Mesmo na serra, o calor forte reinou, tendo temperaturas máximas acima dos 30ºC.
De início, o calor era garantido por uma massa de ar seco que havia entrado entre os dias 18 e 19 de janeiro. Com essa condição de ar mais seco, a radiação diurna se perde rapidamente para o espaço durante a noite, fazendo com que o calor do dia seja substituído por marcas mais amenas no período noturno. Na terça-feira (21), chegou-se a ter temperaturas mínimas de 8,4°C em Bom Jardim da Serra, 10,6°C no Morro da Igreja, 11,4°C no Morro das Torres em Urupema e 11,6°C no distrito do Cruzeiro em São Joaquim. Em Florianópolis na segunda-feira (20), foi registrada a temperatura mínima mais baixa de janeiro até o momento, com 18,4 na estação do Ciram no norte da ilha. No dia seguinte, a capital ainda teve mínima de 18,5ºC.
Como foi comentado, o ar seco permite noites amenas e dias quentes. Na terça-feira (21), por exemplo, as maiores foram registradas no Litoral Sul e Extremo Oeste catarinense, com marcas de 39,1ºC em Jacinto Machado, 38,8ºC em Itapiranga, 38,6ºC em Tubarão e 38,3ºC em Criciúma.
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Com o aumento significativo da umidade disponível na troposfera, juntamente ao calor intenso durante a tarde, tivemos a formação de células convectivas, associada a chuva com descargas elétricas e temporais isolados. A imagem do satélite GOES-13 no canal infravermelho realçado, mostra as células formadas pelo estado catarinense. Veja abaixo.
Percebe que na Grande Florianópolis havia uma dessas células. Veja que aparecem cores azul escuro e até rosa dentro dessa célula, indicando que as nuvens estavam com bastante altura, pois a temperatura de topo estava entre -70 e -80ºC; Ela provocou chuva forte muito localizada na região de Palhoça e granizo em São José. Em Palhoça, o dia virou noite, como mostra a foto de Andrea O. Balbinot.
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Temporal em Palhoça-SC - por Andrea O. Balbinot |
Nosso colaborador de Orleans, José Luiz Mattei, nos enviou a foto da cortina de chuva dessa célula avançando para a cidade. Segundo ele, não choveu forte na área da rodoviária, mas ao redor da cidade sim. Confira a imagem.
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Tempestade passando por Orleans-SC - por José Luiz Mattei |
Em condições pré-frontais, geralmente é de se esperar bastante aquecimento, inclusive a noite. A madrugada de sexta-feira foi bastante desagradável devido a temperatura e umidade altas e pouco vento. No geral as mínimas ficaram entre 24 e 25ºC. Durante a tarde, novamente as máximas subiram muito, chegando a 39,6ºC em Itapiranga, 39,1ºC em Antônio Carlos, 38,6ºC em Criciúma e Blumenau, 38,4ºC em Jaraguá do Sul, 38,2ºC em Brusque e 37,5ºC em Santo Amaro da Imperatriz.
No segunda metade da sexta-feira as células convectivas começaram a se formar rapidamente, provocando temporais em várias cidades, sobretudo na Grande Florianópolis, Litoral Sul, Vale do Itajaí, Meio-Oeste e Litoral Norte. Na imagem do radar meteorológico por volta das 16h, vemos as células de chuva que se formaram.
Veja que havia uma sobre o Alto Vale do Itajaí. De acordo com dados da estação do CIRAM, por volta das 16h de sexta-feira choveu 24mm em Ituporanga. Ainda no Vale, outro temporal causou precipitação de 9,2mm em Rio do Sul. No Litoral Norte, o tempo trouxe chuva forte e ventania, sendo que em Joinville a estação do CIRAM registrou precipitação de 12,6mm com rajada de vento de 63 km/h. Confira mais no gráfico abaixo.
Na Grande Florianópolis, tivemos a formação de uma tempestade do tipo super-célula por volta das 19h. A imagem do radar meteorológico do Morro da Igreja mostra bem essa tempestade, que rodeou a região continental de Florianópolis e foi atingir o norte da ilha, Governador Celso Ramos e Biguaçú.
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Raios durante tempestade super-célula em Florianópolis-SC |
Nas estações meteorológicas operadas pelo Ciram e Inmet na Grande Florianópolis, durante a super-célula choveu 7,2mm em Tijucas e 5,2mm em Antônio Carlos. Infelizmente não temos dados de Governador Celso Ramos, Biguaçú e extremo norte da ilha de Florianópolis, cujos locais foram os mais atingidos pela forte chuva e vendavais. Pela imagem do radar vista anteriormente, estima-se que tenha chovido cerca de 25 a 30mm/h.
Durante o fim de semana, com a penetração do ar mais frio, tivemos o fim da segunda onda de calor forte desse verão em SC. Veja no gráfico de temperatura observada em Criciúma, que as temperaturas cairam bem de sexta-feira para o sábado, ficando mais estáveis devido também a cobertura de nuvens.
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Temperatura do ar em Criciúma-SC |
FONTE DOS DADOS: INMET, CIRAM, CPTEC/INPE, REDEMET, FURB/CEOPS, RINDAT, CLIMATERRA E ESTAÇÕES PARTICULARES.